Méliès e a tecnologia que permeia o cinema

Ao nos depararmos com as Sete Artes (a Música, a Dança, a Pintura, a Escultura, a Literatura, o Teatro e o Cinema), vemos que, em comum, todas são fruto de uma técnica própria. A bailarina estuda o balé clássico e exprime seus movimentos em ritmo, como uma dança. O ator desenvolve sua dramaturgia através da leitura de peças, roteiros e romances. O musicista estuda cada partitura de uma música. Em resumo, escolas artísticas surgem a partir de técnicas, que se legitimam por sua expressividade e se perpetuam.

O cinema não é diferente. Mas esta, além da técnica, é o segmento artístico mais influenciado pelas tecnologias. O seu próprio nascimento e sua existência partem da necessidade de um artefato tecnológico: a câmera. Mas é curioso observar como o cinema, em relação às outras seis, é a que se desenvolve com e em função dos avanços tecnológicos.

Poderia, então, me ater aos fenômenos tecnológicos que impulsionaram o surgimento, a consolidação, o desenvolvimento, o crescimento ou as inovações do cinema. Desde o cinematógrafo dos irmãos Lumière, até o cinema 4D de hoje, as mudanças cinematográficas acompanham, lado a lado, as mudanças tecnológicas. Mas resolvi, nesse primeiro post de abertura do blog – que muito falará a respeito da relação entre o cinema e a tecnologia -, escrever sobre um filme que se tornou um clássico do cinema e um case de sucesso (para usar o termo da moda) no que se diz respeito ao uso da tecnologia nos filmes: A Viagem À Lua (Le Voyage Dans La Lune), de Georges Méliès.

Resultado de imagem para gif le voyage dans la lune
Cena de Le Voyage Dans La Lune se tornou marcante pelos efeitos visuais aplicados

O filme foi produzido em 1902, época em que o cinema ainda estava engatinhando seus primeiros passos, e é considerado um marco no cinema até hoje. A obra é inspirada em dois romances da época: “Da Terra à Lua”, de Julio Verne, e “Os Primeiros Homens na Lua”, de H. G. Wells. Mas não foi só o roteiro que chamou a atenção e fez de Viagem À Lua um grande sucesso de público. O que o torna tão especial é o fato dele ter sido o primeiro filme de ficção-científica já feito. Tudo isso, graças aos efeitos visuais, ainda desconhecidos pelo público, que Méliès inseriu em sua obra. A cena acima, dos homens chegando à lua, é lembrada até hoje pela comoção que causava em quem assistia.

Além de cineasta, Méliès era mágico e ilusionista, e seu sonho de infância era ser pintor. Por isso ele também ficou conhecido por fazer o primeiro filme colorido da história, já que pintou, à mão, cada frame de seu filme. Não à toa, ele é um dos maiores nome que o Primeiro Cinema já conheceu.

Muitas das técnicas hoje aplicadas no cinema e que se consolidam, como citadas no início do texto, são inspiradas em Georges Méliès e em seu filme Viagem À Lua. Portanto, nada mais juto do que fazer uma homenagem – neste blog que se propõe a analisar cinema e tecnologia -, a quem tanto fez pela Sétima Arte e que, cem anos depois, continua sendo fonte de inspiração no quesito estética, animação, efeitos especiais e uso certeiro da tecnologia no cinema.

Deixe um comentário

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑

Corpo e tecnologia

"Ninguém tem um corpo, somos um corpo"

SINTONIZE

Nosso blog tem por objetivo dialogar e apresentar as intersecções entre música e tecnologia, abordando desde a produção até a sua consumação, destacando os fenômenos emergentes e intrigantes deste processo.

Series Talkers

Blog produto da disciplina Comunicação e Tecnologia (COM104) que tem como propósito discutir séries e tecnologia

YouTuBr

Discussões pertinentes sobre a plataforma no Brasil.

Ciberativismo

Democracia e atualidade em plataformas digitais

Comunicação e Tecnologia (COM 104)

Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia

WordPress.com em Português (Brasil)

As últimas notícias do WordPress.com e da comunidade WordPress